Falta de convicção
Quando uma pessoa, neste caso candidata, determina o fim que pretende atingir, deve descrevê-lo com clareza. Os gregos da antiguidade consideravam a retórica como uma questão de plausibilidade e não de verdade. O que exaltava era a clareza da dicção e não o valor dos juízos. Sócrates, no entanto, disse que o objetivo mais importante era a verdade, e Aristóteles definiu a retórica como a arte de persuadir um auditório que não pode captar de relance um grande número de argumentos. É talvez melhor dizer que a retórica, tendo por objetivo a persuasão, utiliza, para atingir um determinado fim prático, tanto a verdade científica como a emoção genuína, de modo que faz uma (aquela) combinação da verdade e da persuasão. Não existem milagres nesta tese, a determinação e o sucesso da ideia principal de um discurso exige que se conheça o assunto e bastante bem o método capaz de produzir nas pessoas o efeito desejado.
Dicção deficiente
Para determinadas empresas, muitos são os incautos que se esquecem que a distância (aparentemente natural) que separa o entrevistado do entrevistador é meticulosamente estudada. Os indícios são bastante elementares. Nestes casos, as características da mobília utilizada proporcionam ao candidato um agradável conforto talvez, para além de fixarem as marcações predefinidas. Este método é habitualmente usado para estabilizar distâncias quando a análise centra-se na expressão vocal. Se acha que esta avaliação apenas se destina a locutores, atores e restantes profissionais cuja atividade culmina nos dotes vocais, desengane-se. A simples fala de um indivíduo (linguagem, projeção, dicção, respiração, etc.), quando submetido a um questionário presencial, fornece muitas e preciosas respostas. Um olhar atento à nossa linguagem corporal também revela, nestas ocasiões, muito sobre nós mesmos. No post «A linguagem do corpo» encontrará o significado de alguns dos gestos e posturas mais habituais ao longo de uma conversa. Em «Dicas para Melhorar a Voz» são abordados, de forma sucinta, os principais alicerces da voz. Tópicos como a respiração, dicção, ortoépia, a pronúncia ou a emissão de voz são observados no artigo.
Quintiliano (Marco Fábio Quintiliano ou Marcus Fabius Quintilianus), romano da antiguidade, professor de retórica, que à parte o seu interesse teórico foi sem dúvida um dos maiores oradores, disse que a dicção, para muitas autoridades, é a verdadeira ação. Em si mesma a dicção possui no discurso um poder maravilhoso e uma grande eficácia, pois não importa tanto a espécie de pensamentos que compusemos na nossa mente, como a maneira em que eles são expressos, visto cada indivíduo, no nosso auditório, ser movido pelo que ouve. Muitas qualidades somenos, quando animadas por uma dicção enérgica, produzirão um efeito mais poderoso do que a mais excelente linguagem destituída desta vantagem.
A dicção, em televisão como em qualquer outro meio de comunicação profissional ou particular, depende em geral de dois fatores - voz e gesto - um dos quais apela para os olhos, e o outro para os ouvidos. Ora, as boas qualidades da voz, tal como todas as outras faculdades, são melhoradas pelo estudo e diminuídas pela incúria.
A evitar
Posturas impróprias ou claudicantes. Em virtude da posição - acanhada - da cabeça, os músculos da garganta e da parte superior do peito estão contraídos. Deste modo a ressonância da voz e, consecutivamente, o poder de expressão ficam diminuídos. Existe um grande número de seminários e cursos destinados a educar a fala. Convido-o a consultar no post «Dicas para melhorar a voz» o resumo de algumas recomendações mais imediatas.
A banir
Independentemente dos atributos da pessoa empregadora, as operações de charme (mesmo subtis) devem ser banidas de todo. Quem se presta a esse tipo de subterfúgios revela intenções pouco produtivas aos olhos de quem procura valores dignos de referência. Lembre-se que Portugal está a atravessar uma época calamitosa em termos de contratações e poucos são os empregadores (sérios) interessados em suportar despesas consideráveis, mensalmente, em troca das galanteadoras habilidades.
Ainda dentro desta linha: tutear o empregador é outro infeliz atrevimento geralmente fatal. Tenha a idade que tiver quem o está a examinar, a sua concentração passa imperativamente pelo Respeito. Basicamente, como em qualquer relação, não existe trabalho de equipa, ambiente de equipa, cumprimento de horários, dedicação, sacrifícios, qualidade ou confiança se o 'Respeito' não for uma virtude. Ficar bloqueado no meio do trânsito, penalizando uma equipa constituída por 10, 50, 100 ou 1000 elementos, é um irremediável atestado de incompetência, de desrespeito e de traição para muitas empresas sérias. O sucesso de uma empresa passa sempre pela disciplina (coletiva). Qualquer empresa bem sucedida é administrada por pessoal prevenido. Em suma, não se iluda com a aparência, o género ou a idade do empregador, se este for de natureza rígida e implacável, mesmo que a entrevista pareça saudável até ao fim, a ousadia de duas letras apenas (tu) encarregar-se-á de a sepultar.
Conclusão
Antes de qualquer entrevista decisiva, a preparação é imprescindível. Lembre-se de que o presidente, diretor, patrão ou chefe, etimologicamente, é aquele que está à cabeça, ou, melhor ainda, aquele que é a cabeça. A cabeça é que vê, promove ação no interesse comum de todo o corpo. Pense nisso e boa sorte!