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Percepção subliminar


Chama-se 'percepção subliminar' aos estímulos emitidos abaixo do limiar da consciência humana e que influenciam, de algum modo, os nossos atos, pensamentos ou sensações. Existem muitas aplicações do audiovisual enquadradas neste tipo de percepção, sobretudo quando se trata dos chamados 'estímulos subliminares de curta duração', isto é, palavras, sons ou imagens que nos são apresentados em lapsos de menos de 100 milésimos de segundos e que não podem ser captados conscientemente pelos nossos olhos e ouvidos.

Num trabalho clássico dos anos 80, um grupo de psicólogos expôs vários voluntários a uma experiência. Escolheram-se 20 octógonos de forma irregular que foram projetados num ecrã com um intervalo de um milésimo de segundo. Naturalmente, nenhum ser humano é capaz de apreender uma imagem a tal velocidade, pelo que, quando se pediu aos voluntários para reconhecerem os octógonos que tinham visto, não conseguiram fazê-lo. Aparentemente, não tinham visto nada. A surpresa chegou quando os psicólogos pediram aos voluntários que escolhessem, de entre um grupo maior de octógonos, aqueles de que mais gostavam. Nessa altura, escolheram os octógonos que antes haviam sido projetados subliminarmente. A análise estava feita e as conclusões tiradas.

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Imagens subliminares projetadas em 100 milésimos de segundos

Muitos estudos de laboratório (estrangeiro) demonstraram não apenas a existência destas mensagens como a sua influência em certas tomadas de decisão e apreciações. Devido a estas descobertas, o mito do poder do subliminar cresceu consideravelmente nos últimos anos, favorecendo a divulgação de algumas afirmações espectaculares que carecem de fundamento científico claro.

Tudo começou em 1957, quando o prospector de mercado James Vicary declarou que, durante seis semanas, tinha incluído subliminarmente a mensagem «Come pipocas, e bebe Coca-Cola» entre as imagens do filme Piquenique, num cinema de Nova Jersey. Segundo Vicary, o consumo desses produtos aumentou entre 18 e 57 por cento. Embora a sua experiência o tivesse conduzido à fama, o certo é que nunca forneceu pormenores sobre como realizara o teste e chegou mesmo a afirmar, numa entrevista, que tudo não passara de um 'truque de marketing'. A fama das mensagens subliminares não foi afectada por isso. De facto, aprofunda-se constantemente tácticas sobre palavras, gestos ou símbolos de determinado conteúdo ocultos em anúncios, filmes ou séries televisivas, com o objetivo de influenciar as decisões dos consumidores. A fé no poder dos estímulos subliminares chegou a levar à comercialização de material com conselhos para ser feliz ou para desenvolver múltiplas habilidades enquanto se dorme ou ouve música.


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O nosso inconsciente também vê

Os investigadores do comportamento humano utilizam algumas técnicas como a conhecida 'hipnose' para penetrar nos labirintos desconhecidos do nosso inconsciente. Mas há ainda muitas dúvidas sobre as futuras aplicações terapêuticas desta imersão. "Uma possível utilidade", explica Jenny Moix, professora de Psicologia da Universidade Autónoma de Barcelona, "poderá ser o diagnóstico de fobias". Parece que os psicólogos estão dispostos a arrepiar caminho: assim se explica a grande quantidade de investigações científicas realizadas nos Estados Unidos, Inglaterra e Espanha, nos últimos anos, em torno do inconsciente. Por exemplo, para averiguar que aspecto da viagem de avião atemoriza um paciente que, como eu, tem medo dos voos, podem utilizar-se mensagens subliminares com palavras como 'asas', 'motor' ou 'cabina' e observar a reação do indivíduo perante cada uma delas. Um passo adiante nesta técnica seria ir aumentando o grau de consciência dos estímulos até se tornarem plenamente perceptíveis, como terapia anti-fobia.

Porém, a única coisa que a ciência conseguiu demonstrar é que estas mensagens podem ser apreendidas, de algum modo, pelo nosso 'outro eu'. Todavia, não foi, ainda, provado que uma pessoa possa iniciar/praticar um ato guiada por um estímulo subliminar; mais do que isso, sabe-se que, na ausência de sedativos no processo, o nosso comportamento só pode ser modificado mediante a aceitação consciente de estímulos que nos indicam como proceder ou agir. Como a ciência nos diz, um estímulo subliminar não pode levar uma pessoa a beber um refesco ou a comer pipocas contra a sua vontade, nem pode ajudá-la a jogar melhor futebol ou a abandonar maus hábitos, como pretendem alguns produtos 'milagrosos'


Na próxima publicação será abordado o conhecido 'efeito Poetzl' e listados alguns exemplos científicos utilizados para descobrir o mecanismo da mente silenciosa.

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